Expresso da poesia

Venham todos jovens e velhos

O expresso da poesia vai partir

Não é preciso fazer reserva

Para entrar na terra da fantasia

Nos sonhos de grandes homens

Venham todos meninos e meninas

Não é preciso pagar nada

Nem trazer palavras cruzadas ou bagagem

Ouçam os apitos do chefe do trem

Chegou a hora da partida

As ilusões são de graça

A alegria é da garotada

Escutem os barulhos da locomotiva

A linha férrea não tem fim

Na dança das máscaras dos eucaliptos

O destino acena as mãos nas estações abandonadas

Crianças gritando na janela

Carregam todas as emoções humanas num sorriso

Casais tomam café da manhã no carro restaurante

A maquinista apita no tunel da mata fria

Venham todos poetas e historiadores

As almas inocentes cantam

O mal ficou para trás

Estamos cruzando o planalto paulista

No conforto do carro pullmann

Quem pode dizer o certo e o errado

Onde deve parar o trem azul

Mais carvão na caldeira

Mais vapor maquinista

O expresso da poesia corre nos trilhos

Deixe o ponteiro do manômetro bourdon

Avançar a escala no vermelho

Nesta viagem todos somos clandestinos

Nesta noite sonhos de Pégasso

Sob as palavras do Vítor Hugo

Amanhã despertaremos nas portas de um novo horizonte

No Casagrande Hotel e na Castelo das Rosas

Distâncias ficam na fumaça da chaminé

Não cumprimos horário na rota dos bandeirantes

Estamos atrás das minas de esmeraldas

Tantas cidades Tantos pés de café Tantas neblinas

Tantos rios Tantas pontes Tantos laranjais

Tantas cachoeiras Tantos abismos Tantas canas-de-açúcar

Tantas pedras grandes Tantas represas Tantas colinas

Tantas estâncias Tantas flores Tantas vinhas

Milhares de dormentes jogados sobre o chão

Dezenas de oficinas sucateadas

Estradas de ferro destruidas

Que o tempo não perdou

A falta de perservação e investimentos

Noroeste,Bragantina,Cia Paulista,Sorocabana

Santos-Jundiaí,São Paulo Railway,Fepasa,

Araraquarense, Itatibense,RFF SA, Central do Brasil

Nomes que a história enterrou como armadilhas

Junto com a bitola de 1 polegada

O luar e as estrelas de pirilampos

São o espelho das promessas etílicas

Sombras que despertam debaixo de viadutos

O progresso nos leva a hecatombe

E as provas materiais do juízo final

Quem pode dizer o certo e o errado

Onde parar o trem azul

Mais carvão na caldeira

Mais vapor maquinista

O expresso da poesia corre nos trilhos

carlos assis
Enviado por carlos assis em 06/02/2010
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