A CASA BRANCA

Vejo muito para além de mim

vejo-me a mim e vejo-te a ti

com olhos de bom despertar

manhãs de bem dizer e bem-querer.

O sol refulge no céu uma canção

tão nossa como a primeira vez

em que nos encontramos almas

gémeas de tempos passados.

No ar andorinhas andam cá e lá

quem sabe a nos dizer presente

à magia das palavras que eu

guardei para ti neste momento.

Nunca nos encontramos sós

quer em sonho quer em realidade

que a ilusão parte de nossa

vontade mais apurada e distinta.

Há choros na casa grande

saudades dos que partiram antes

de nós deixando-nos órfãos

de nossas esperanças aqui sabidas.

À partida dolorosa resta-nos

a força de vontade para semear

o que nos puseram em mãos

num caminho que se quer honrado.

De linho e de róscido são as nossas

manhãs e tu estendes-me a mão

no segredo só nosso e que só a nós

é de direito como duas aves no céu.

Na casa grande toda pintada de

branco o choro é compulsivo

e a espera é uma ilusão que nós

criamos para nós próprios.

Jorge Humberto

16/05/10

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 17/05/2010
Código do texto: T2262315
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