**LEMBRANÇAS

PRAIA DA FREGUESIA

Ainda sinto na pele
o calor da brisa quente,
no corpo suado e cansado
o refrigério da água fria...
O torpor embriagante
da Praia da Freguesia!

Na padaria da esquina,
no aroma da bengala quentinha,
o convite às lutas, às fomes da vida...
O pão seco de cada dia
era sonho realizado
na Praia da Freguesia!

Sentados naquela pedra,
embriagados de maresia
num gesto de adoração,
no finalzinho do dia,
olhávamos o mar apaixonado,
beijar o céu no horizonte...

Sob teus olhos cor de mel,
a maré subia, subia...
embalada pela brisa quente,
vinda lá de Paquetá
e o vento suave e gostoso
vindo lá do alto mar...

Naquele momento de encanto,
o mundo era pura magia,
E a pedra agora era uma ilha...
Nossa ilha, nossa alegria...
Na verdade uma grande pedra,
na Orla da Freguesia!

E nas águas da Guanabara
não me deixavas molhar.
No conforto do teu calor,
seguro me conduzias,
no teu colo me carregavas,
levando-me à terra firme,
da Praia da Freguesia!

Hoje, em passos cansados,
procuro dia após dia
o sonho de amor encantado
da Praia da Freguesia...

** Poesia inspirada na turma do 1º colegial da E. E. Prof. Mendes de Moraes – Ilha do Governador – Praia da Freguesia, no estado do Rio de Janeiro.

Éramos, em 1977, uma turminha de adolescentes e nos dias em que saíamos cedo da aula, ou quando não havia aula, ou mesmo quando tínhamos vontade, normalmente à tardinha, sentávamos numa enorme pedra que havia na Orla da Praia da Freguesia e ali ficávamos a cantar, tocar violão, contar piadas, sorrir... Isto era quase que diariamente.
Quando começava a escurecer, a maré já havia subido de tal maneira que a pedra mais parecia uma ilha... E nós a chamávamos de “Nossa Ilha”... Na hora de voltar os rapazes pegavam as meninas no colo e as conduziam à praia... Era tudo muito lindo, muito gostoso...

A turma era composta por Lourdes, Cebola (namorado da Lourdes), Creso, Furinho (Marcos mano), Peninha (Marcos), Célia, Márcia, José, eu e meu amigo querido Hélio Ricardo Lapa Borges que sempre me atravessava em seu colo... Estudei com Hélio desde o antigo 4º ano primário, fizemos Admissão juntos (risos) – sou velhinha - até o 2º colegial, sempre juntos e quando nos finais de semana, em um ele ia para minha casa e no outro eu ia à casa da avó dele no bairro da Bela Vista... Essa senhora fazia uma rabada com agrião que era um manjar dos deuses... Até alguns anos após minha mudança para
São Paulo, ainda alternávamos as visitas... Um mês ele ia para minha casa e no outro eu ia à casa dele no Rio de Janeiro...

Com o tempo Hélio mudou-se para Campos (RJ) e eu me casei... Perdemos-nos nessa época... Nunca mais nos vimos e por mais que eu tentasse não mais consegui saber notícias de meu amigo... Tenho apenas duas fotografias em que parte dessa turminha está presente... Foram dos melhores anos de minha vida... Bastante Saudade... A pedra era a do meio na foto acima,  não sei se ainda é assim...

Ceiça Lima
Enviado por Ceiça Lima em 25/05/2010
Reeditado em 25/05/2010
Código do texto: T2279075
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