História

Amanhece nesse instante

Ouve-se a voz do infante

Declarar que a noite clara

Trouxe o inimigo para

Perto da fronteira, e agora?

Pergunta-se quartel afora...

As tropas de fronte raivoso

Ânimo vil e animoso

Passaram a noite fria

Marchando em euforia

-Chegaram a nossa frente

Com olhar impertinente!-

Disseram ao comandante

De triste e senil semblante

Que desgostoso dessa vida

Olha a força inimiga:

-O dobro de nós- Ele disse...

-Não venceremos- Que triste...

Planeja-se a fuga com vontade

-Pela rota primeira sai a metade-

Declara o tenente.

-E quanto a nós? Quando vamos?- Grita algum demente.

-Meu senhor, e a coragem?-

-Lutar contra eles? É insanidade!-

-Meu senhor, e o povo?-

-Não se preocupe com eles. Nascerão de novo.-

-Meu senhor, é errado...-

-E tu és desgraçado!-

-Me ajude e se cale!-

-Esta turba de infames nada vale!-

Tem começo a retirada.

Louca e desesperada

Sem motivo, sem porquê...

É difícil assim de ver?

Corre o grupo de malditos

Saltitantes aos gritos

Fugindo do ferro e do fogo

Se escondem atrás de um morro.

-E agora, senhor? Que fazer?-

-Agrupar e se esconder!-

-Mas, senhor, estão nos humilhando...-

-Não se preocupe pois eu tenho um plano!-

E lá se recolheram o senhor e os demais.

Uma tropa de oficiais.

Tatus abaixo da terra.

Heróis da pátria... heróis da guerra...

Ardilosos eles foram;

Escondidos atrás de um morro

Passaram aquela tarde...

De repente se ouviu então

O esbravejar de um poeta,

Gritos e mais gritos, morte certa,

Eles atacavam o portão!

A cidade sitiada, todo povo a correr,

Fuga desenfreada... estão livres pra morrer!

Abandonados foram por seus oficiais,

Só lhes restava resistir... resistir... nada mais!

Começou a vil batalha, os oficiais a assistir.

Tiros e mais tiros, não parava, e as balas a se esvair!

Dor, angústia se via... em cada semblante esquecido;

Lutavam por suas vidas contra o furor do inimigo...

Um horror tão poderoso que chorou o capitão...

Tantos tiros e tantos corpos... espalhados pelo chão...

Aquela noite passaram ouvindo o murmurar

De corpos e mais corpos agonizantes ao luar...

Era demais pra se lembrar... escolheram esquecer...

É mais fácil de aguentar, é melhor que enlouquecer...

O dia raiou novamente. Céu tão lindo e vistoso

Que chegava a ser desrespeitoso tanto brilho em meio aquilo...

-Os inimigos sumiram- Disse o tenente.

-Vamos checar- Disse um coronel.

-O que é isso!? Meu deus do céu!

-Estão todos mortos! Todos mortos...-

-Quem está morto?!- Disse o general

-Toda força do nosso inimigo...-

-Não pode ser! É um milagre!-

-Onde está o povo?-

-Por todos os lados...-

-Todos estão mortos...-

-Se acabaram...-

-Lutaram pelas próprias vidas...-

-É claro, imbecil! Por que mais lutariam?-

-Não sei... mas eles perderam...-

-É assim a guerra. Uns vencem e outros são derrotados-

-Mas... e quanto a nós?-

-Vencemos...-