Promessa

Hoje fui visitar o meu irmão, no hospital

Que mal eu senti ao vê-lo deitado

Plantado na cama, sem alma, um coitado

O mal transparecendo no leito

O peito baixo, o olhar doentio, vazio

Não pude deixar de sentir pena

Ao menos Deus o levasse pra casa

Uma tábula rasa, uma orquídea branca

Um anjo transparente, quem sabe um duende

Senti pena de mim!

É, foi assim... eu senti o que não queria. Eu vi

Vi o meu irmão sem poder mexer a cabeça

Um olhar distante, sem firmeza

Tentei reanimá-lo, quis encorajá-lo

Ele reclamou. Era muita dor

O seu sustentáculo já não obedece

Padece quem por perto está

Esperando o milagre do altar...

Se Deus me ouvisse... Oh, Deus!

Um adeus pra me acalmar, um sorriso...

Um siso vulgar... a cor do mar...

Foi no mar que ele viveu sua vida

Na terra ele encontrou o amor

E a dor foi sua parceira maior

Desencantado, jovem partiu

Sumiu no mundo, sem destino

Menino, quis flutuar, o sonho acabou

Hoje vejo o homem que admirei tanto

Um santo imortal, sem barreiras

No pedestal da ladeira

Ele esbraveja sua ira tenaz

Um capataz da fraqueza

Rumoreja sua sorte traída

Foi a bebida, a vida, o fumo

Que o levou à queda

Merda! Que boa merda!

Sinto que o errado fui eu

Eu prometi, mas ele não...

Prometeu!

Ubirajara Sá
Enviado por Ubirajara Sá em 07/07/2010
Reeditado em 28/10/2011
Código do texto: T2363465
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