RECORDAÇÕES DO ONTEM

RECORDAÇÕES DO ONTEM

Eu sempre sinto saudade,

Da minha terra querida,

Do lugar onde eu nasci,

Onde formei minha vida,

Conheci muitas pessoas,

Aprendi as coisas boas,

Que não serão esquecidas.

Relembro o Cobra Preta,

Com seu modo de falar,

José Dida era o poeta,

Vivia a viola dedilhar,

Dizia-se bom cantador,

Um repentista de valor,

Punha-se a cantarolar.

Lembro o senhor Damião,

Chico Jovino lembro bem,

Dona Maria sua esposa,

José Jovino também,

Nasceu pra ser engenheiro,

Como não tinha dinheiro,

Não pôde chegar além.

O senhor Chico Adelino,

Um contador de histórias,

Seu Severino Claudino,

Contava as suas glórias,

Amansava burro bravo,

Deixava-o como escravo,

Vibrava com as vitórias.

Dona Chiquinha Claudino,

Mulher de muita nobreza,

A sinhá Maria Jovino,

Outra mulher gentileza,

Chico vermelho da serra,

Com sua prole sem guerra,

Homem de grande presteza.

Recordo-me do Otacílio,

E do compadre Galego,

Do seu Joaquim Adelino,

Que a terra tinha apego,

Dona Maria de Abel,

Foi uma professora fiel,

Sua escola um aconchego.

E lá no alto da serra,

Morava o senhor Doca,

Num local de ventania,

Junto à pedra da maloca,

Basto Jovino, o caçador,

Os animais com pavor,

Iam pro fundo da grota.

Lembro de Manoel cadete,

Que a filharada seduz,

Eram o Cícero e o Paulo,

O Ignácio e a Maria da Luz,

Tinha Antonio, vulgo Tito,

Anita e Pedro o bonito

Vou onde a mente conduz.

Do senhor José Ambrósio,

Também me recordo agora,

Pedro, João, Antonio e Luis,

Dona Chuda a senhora,

Tinham Estela e Maria,

Outras que não conhecia,

Casadas viviam lá fora.

Lembro Luis Eduardo,

Era um grande gozador,

Mesmo na casa dos outros,

Punha-se como um feitor,

Quando para o almoço ia,

Sem arroz ele não comia,

Era presepeiro e indagador.

O senhor Luis Adelino,

Não encontrava aperreio,

Metido a conquistador,

Gostava de fazer galanteio,

Falou pra Rosa Nazário,

Ladrona, chocou o cenário,

Mas do coração alheio.

Lembro Cícero de Joana,

Era o dono do pedaço,

Bebendo todas as cachaças,

Dormindo sobre o bagaço,

Ora era rico, ora pobre,

Mas o espírito de nobre,

Não encontrava embaraço.

Maria Joana era a mãe,

Maria Nunes a irmã,

Naquele lugar não tinha,

Quem das duas fosse fã,

Eram bravas, encrenqueiras,

Alem de rudes e groceiras,

Barulhvam qual maracanã.

Seu Artur lembro-me bem,

Era o professor da roça,

Mudou-se para São Paulo,

Não quis ir a Ponta Grossa,

Onde vivia um seu filho,

No campo a plantar o milho,

Todos era gente nossa.

Relembro o velho Santino,

Que se punha a fazer graça,

João Luis morava perto,

O fogão nunca fez fumaça,

Eles se diziam aventureiros,

Mas brigavam o tempo inteiro,

Tal quais os galos de raça.

Essas são minhas lembranças,

Quando eu era bem menino,

Das pessoas que marcaram,

Minha vida em pequenino,

Eu lhes rendo esta homenagem,

Eram pessoas de coragem,

De amor, saber e muito tino.

Rio, 20/08/2010

Feitosa dos Santos