Terra amada .... meu eterno retorno!

(Poema de homenagem a minha saudosa terra - Vilarinho das Azenhas, Trás os Montes, Portugal))

Sento-me à tua mesa, terra amada.... Porque é de ti

que me vem o retorno à infância e aos tempos felizes já idos!

Não há sonho onde não estejas presente!

Não há pensamento onde não repouse o teu silêncio criador.

Tu dás-me a Paz, o descanso, descerras na vastidão da terra

a carne transcendente. E em ti

principiam e terminam todos os elementos.

Minha memória perde em sua espuma

os aromas do vinho e do azeite, da flor da amendoeira,

das acácias amarelas, das rosas de Maio, da giesta em flor, da urze,

do rosmaninho, do alecrim que em criança colhia na serra...

Teu cheiros, ruídos e sabores, plantas, animais, estrelas, luares, águas...

vivem em mim como religião

sobre a vida - e eu nisso demoro

meus frágeis instantes.

Apesar da distância, repões diariamente

a força maternal e sinto que tudo sempre

circulará entre teu sopro e teu amor.

Todas as coisas me nasceram de ti

como as plantas nascem dos campos fecundos,

Meus instantes começaram da tua oferenda,

como as guitarras tiram seu início da música nocturna.

Estás profundamente na pedra e és pedra em mim...

és a minha eterna eternidade...

E peço ao vento que me traga as frescas e serenas madrugadas e o dourado e nostalgico por do sol...

Que me traga do espaço a luz inocente das estrelas da infância,

um silêncio, uma palavra,

que me traga das tuas montanhas o voo das águias e das andorinhas, o relinchar dos cavalos, o cantar dos melros, dos grilos, das cigarras...

a amada e saudosa cantiga das águas do nosso rio..!

Minha Terra, meu sol quente que a tudo dás vida,

minha chuva que a natureza fecundas,

minha neve branca que tudo cobres!

Em cada suspiro de saudade eu me sinto morrer por ti...

Cantinho abençoado da minha alma!

E sei que sempre pedirei ao vento que continue me trazendo...

a carícia da brisa fresca da manhã,

o aroma da terra molhada pela chuva e da grama acabada de cortar...

O que somos senão o que já vivemos...?

Fecho os olhos e entre o teu leste e o teu oeste descanso meu pensamento...

Ainda sei exatamente o lugar em ti, onde o sol nasce e se põe no horizonte,

E onde os ventos dos quatro cantos se reúnem para cantar

E quando o sol da minha vida se puser...

que no teu céu, terra amada, as estrelas brilhem no seu lugar...

Ana Flor do Lácio (17/03/2010)

Ana Flor do Lácio
Enviado por Ana Flor do Lácio em 15/09/2010
Reeditado em 18/09/2010
Código do texto: T2499333
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.