O Rio Sem Destino

Um rio largo, matreiro

Mata quem o desafia no braço

De cima, um traço; no meio um compasso

Água que corre sem parceiro

Que corta o norte e o sul em aguaceiro

Que tem no mar seu paradeiro

Que faz da terra o seu regaço.

Rio que segue a via sem destino

Que embebe cidades e lugarejos

Rio que alegra o campesino

Estrada de água dos sertanejos.

Alegria que nasce de hora-em-hora

Que brota de um pingo e vai-se embora.

Senhor! Que más noticias nos trazes?

Sei que passastes por terras diversas

Que ouvistes tantas e tantas conversas

Por que tuas ondas estão vorazes?

Sei que és calmo e caudaloso

Com tanta força que tens no corpo

Por que então não te fazes bondoso?

Deita o teu mau em pleno orco!

E com um esplendor primaveril

O rio, com orgulho e vaidade,

Deixou água em abundância

Encheu represa, fontes e barril

Mostrou a quem vive na cidade

Que mais vale a tolerância

Que o amor com falsidade.

Ubirajara Sá
Enviado por Ubirajara Sá em 12/11/2010
Código do texto: T2611839
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