CORAÇÃO DE BEDUÍNO

Sou árabe, beduino,

do deserto, o siroco,

mero cidadão palestino

conhecido como um louco,

com loucuras de menino.

Caido inocente no poço,

salvo ingênuo pelo irmão,

segurado pela mão

estendida de um moço.

Quem sou? Não o sabes!

Nem eu vou dizer que o sei,

uma caravana desses árabes

trazem mercadorias do seu rei.

Só conheci areias amarelas,

as vermelhas montanhas

pequeninas janelas

de tendas estranhas.

Meu transporte, o camelo,

a água que tiro do poço,

bebo e lavo o meu cabelo

neste deserto de alvoroço.

Numa tempestade de areia,

enleado fico em meu pálio

que diante de mim serpenteia

o vento Nume solitário.

Neste quadro pitoresco,

um oásis, frondosas palmeiras,

nisso vejo tão burlesco:

O lago fresco rindo de asneiras.

E no deserto, a noite as escuras,

iluminada pela branca lua,

gritam as estrelas lá das alturas:

Saiba que o amor é coisa tua!

E no peito levo um amor,

olhos que saltam do seu véu,

corpo tão coberto em calor,

apenas se revelam dois olhos de mel.

E quem sou, se não beduíno?

Desde os meus tempos de menino

ainda vivo nesta tépida aridez

onde de saudade chora por sua vez.

(YEHORAM)

YEHORAM BARUCH HABIBI
Enviado por YEHORAM BARUCH HABIBI em 10/12/2010
Reeditado em 10/12/2010
Código do texto: T2663408
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