O SÍTIO ONDE VOVÓ MORAVA

ME LEMBRO E SINTO SAUDADE

DO SITIO ONDE VÓVÓ MORAVA

AS FÉRIAS DE JUNHO E DEZEMBRO

COMO SE FOSSE AGORA ME LEMBRO

QUANDO COM ELA EU PASSAVA

A CASA ERA BEM SIMPLES

DE MADEIRA BEM ANTIGA

UMA VARANDA SEM PISO

RETRATO FIEL E PRECISO

DA MELHOR ÉPOCA DE MINHA VIDA

UM RANCHO ERA A GARAGEM

ONDE VÔVÔ GUARDAVA O JIPE

PRA PROTEGER DA CHUVA QUE VINHA

ELE COBRIU COM TABUINHA

O RANCHO DE PAU A PIQUE

A POUCOS METROS DA CASA

EXISTIA UM MANGUEIRÃO

ONDE OS PORCOS CAPADOS

DE TÃO GORDO COMIA DEITADO

SEM PODER LEVANTAR DO CHÃO

ME LEMBRO DA MUGIANA

A ÚNICA VACA LEITEIRA

QUANDO TIO CICERO ACORDAVA AZEDO

A GENTE OUVIA MAIS CEDO

OS GRITOS DELE NA MANGUEIRA

AINDA RESISTE AO TEMPO

JORRANDO ÁGUA CRISTALINA

UM POUCO PRA BAIXO DA REPRESA

AMPARADA PELA PRÓPRIA NATUREZA

DO MESMO JEITO ESTÁ A MINA

O FIEL AMIGO VELUDO

O CACHORRO POLICIAL

A REPRESA QUE ELE SE BANHAVA

JÁ ESTÁ BEM ASSOREADA

E JÁ NÃO É MAIS IGUAL

O RIOZINHO ONDE VOVÓ

LAVAVA A NOSSA ROUPA

A TABOA INVADIU

E SE A ÁGUA NÃO SUMIU

RESTA UMA AGUINHA BEM POUCA

DE TODA AQUELA ALEGRIA

RESTOU APENAS LEMBRANÇA

LEMBRANÇAS MISTURADAS A SAUDADE

E HISTÓRIAS PRA CONTAR MAIS TARDE

PARA MINHAS E AS OUTRAS CRIANÇAS.

POETA AMBIENTAL