O CANTO DA SAUDADE
O mar é deserto...
Distante, - bem longe...
Um homem pede socorro.
É um negro enloquecido,
que clama em desespero
os gemidos e dores congestionados pelo tempo...
O vento sopra brando e suavimente acariciando os coqueirais...
As ondas soluçam e choram com o entardecer que de longe vem
/chegando...
Tudo traduz o sorriso da saudade e da solidão.
Eu, imantizado pelos azuis que fazem-me pasmar,
confundo a sinceridade do céu com o olhar do infante...
E não decifro qual dos hálitos o mais puro - da criança ou do mar...
Sadai, quanta misticidade invade meu ser...
Quanto amor se esconde nas matas, nas caatingas, nas
restingas, nos mangues, nos rios, mares e oceanos...
E o mar me confunde - e quanto pequeno descubro que sou...
E quanto amante reconheço que eu seria...
- Difícil é amar os homens...
O céu e o mar são eternas crianças...
O sol - o ocaso que desmaia e morre - sempre morre noutros dias...
Quanta poesia!...
E eu perdido e esquecido pelo tempo - encontro-me ao
canto puro e orquestrado pela natureza,
E não resisto ao canto da saudade que valsa a solidão...
E como o crioulo pescador...
que perdido e esquecido pela vida
urra os quexumes e dor...
Naufragado em chão duro encontro-me perdido em meio aos
mistérios da Natureza
e Vida...