INIMIGA MEMÓRIA

Num afã de voejar no vento

Exala a lembrança de tua face

Ao trovão agora fomento

De chorar nuvens de enlace.

Mas a memória inimiga minha,

Pelo tilintar daquele sino

Da antiga e tracional igrejinha

Que tu rezavas por um destino.

A cada som de um badalo

A tua voz me ecoava repetida,

Ao longe esbravejara o galo,

O canto da manhã nascida.

Andava eu por saudosas ruas

Sentindo da terra o cheiro,

E por todas aquelas luas

Das noites que fui teu guerreiro.

Então, não sei da natureza,

Ou do que fez a alma fúlgida dela

Que reluz viva a tua beleza

Que absente, vazio da janela.

Inda lembro-me da tua cidade

Da familia outra que me deste

Da longínqua eternidade

Que foi feita do nordeste.

Vi de longe os lugarejos,

Casas pequenas e coqueirais,

A agitação de seus pardejos

Que ceiavam em seus quintais.

Quem te sagrou cunhou meu seio

Com o teu nome, as formas tuas,

Agora me lançaste a um devaneio

Perdido vou por sendas e ruas.

Dor, angústia, até demorou,

Para vós retornei reincidente,

É minha sina, para onde vou,

Vou cumprir pena descontente!

(YEHORAM)

YEHORAM BARUCH HABIBI
Enviado por YEHORAM BARUCH HABIBI em 02/04/2011
Reeditado em 02/04/2011
Código do texto: T2885799
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