DESPEDIDA

Quando eu parti da minha terra,

Admirando sua beleza em nostalgia,

Subindo triste e pensativa a serra,

As lágrimas desciam em lenta agonia.

Ali eu tinha vivido o tempo inteiro,

Na cidade maravilhosa, uma elegia,

O sofrimento era imenso e certeiro,

E no pensamento as praias eu via.

Do mar tinha antecipada saudade,

Recordava suas águas que eu amava,

Mas a despedida era uma verdade

Que por dentro amarga eu lastimava.

Antevia outra cidade outra vida,

Concepções, pensamentos e valores,

Diversas transformações e morada,

Que subjetivamente suscitavam pavores.

Sentia falta de família e amigos queridos,

Que nas horas lentas de dor ou martírio,

E nos episódios tão maravilhosos vividos,

Estavam sempre ao meu lado em convívio.

A minha infância lembrava com carinho,

Os colegas eu evocava com forte ternura,

E os via todos em uniforme azul-marinho,

Com o quente casaco amarrado à cintura.

Deixava as minhas lembranças mais tépidas,

Ao calor conhecido e familiar da terra natal,

Na qual corria com pernas fortes e lépidas,

Ao encontro de realizações frágeis como cristal.

Outra era iniciava e esperava que a juventude,

Ajudasse a superar as mágoas da despedida,

E prosseguia querendo mudar a saudosa atitude

Da temporada encantada e sedutora já vivida.

Vânia Moreira Diniz

Vânia Moreira Diniz
Enviado por Vânia Moreira Diniz em 13/11/2006
Código do texto: T290195
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