Daniella Perez: procura-se ladrão de cores.

A bailarina não dança mais... Não em um palco que seja acessível aos meus olhos!

Onde estão os movimentos ritmados e lineares?

Mostrem-me os aplausos, os assovios, os sorrisos!

Expliquem-me o abraço vazio, as mãos solitárias, os olhos tristes!

Para onde levaram o calor do encontro, o rosto que as mãos iriam afagar e o sorriso admirado pelo olhar agora triste?

Procura-se ladrão de cores!

Tragam de volta a vida para o jardim enlutado!

Devolvam os sonhos, reparem a saudade, cicatrizem as feridas...

Quero que façam isso e imediatamente!

Desejo ouvir o som dos aplausos, ver as sapatilhas de ponta e os filhos que não existem crescer.

Desejo conhecer sua letra e guardar o autógrafo que nunca ganhei.

Desejo contar uma história diferente para minha sobrinha quando me perguntar “quem é a moça da foto?”

Desejo... Quero... Procuram-se os passos da bailarina...

É possível mudar o que passou? Certamente não!

Mas é perfeitamente possível ter saudade do que você não viveu.

Isso deveria ser levado em consideração...

Apêndice: Algumas lágrimas caem, como um dia já caíram. Deve ser só a saudade... Como se saudade fosse pouco.

Ao ler a crônica "Devolvam a moça morta" escrita por Roberto Drummond, no blog da Glória Perez , percebi que suas palavras traduziam uma indignação que não tinha capacidade de significar aos nove anos, idade que tinha quando Daniella Perez foi assassinada. Uma indignação que senti novamente e decidi expressá-la também.

Deixo aqui minhas lágrimas.

Para os que não se recordam, Daniella Perez é filha da escritora brasileira Glória Perez

Danielle Faria
Enviado por Danielle Faria em 30/04/2011
Reeditado em 30/04/2011
Código do texto: T2940281
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