DESAPARECENDO
E tu inda nordeste, cujo teu sol me fala,
Falaste-me no silêncio do teu trabalho,
Falam os teus olhos, mas o lábio cala,
E vais tentando de galho em galho.
A cigarra desaparece do sertão,
Os vagalumes apagaram os seus lumes;
O profeta tem obscuro coração,
Energúmenos surgem dos negrumes.
As áridas terras do teu nordeste
Já não me esperam, já não me clamam,
Os versos compostos no agreste
Já não são flores, já não me amam.
Eu vejo o fim, vejo o futuro,
Vejo as chamas fracas, minguadas,
Como a vela apagada no escuro
É o amor das faces embotadas.
(YEHORAM)