Carreta da Saudade.

CARRETA DA SAUDADE

Às vezes bate a saudade Dos tempos de juventude.

P’rá se ter mais amiúde, Dos bons tempos de moleque.

Dos campos, das pradarias, Onde feliz se vivia;

Às margens do Nabileque.

Me vejo por lá saltitante Em meio à poeira d’estrada.

Aos gritos com a boiada, Ao ranger das tiradeiras:

-Oh! Parecido e Retrato, Pega Baião, boi Mulato...

-Êta boiada carreira!

A muito tempo partiram Meus belos bois estradeiros.

Os melhores carreteiros Que tive na mocidade.

E hoje rodam sem jeito, Cavam sulcos no meu peito,

As rodas desta saudade.

Os rastros de minha vida, Na longa estrada de chão,

Vejo nos riscos da mão Profundas marcas deixadas.

Ouço mugidos distantes, E dum carreteiro errante,

Gritos com sua boiada.

Não tenho mais esses bois. Estão no tempo esquecidos.

Nem ouço mais seus mugidos Nem gritos de carreteiro.

São restos da mocidade, Lampejos de sonhos, saudades...

Da infância dum pantaneiro.

Érico Mendonça

(Pantaneiro - Técnico em Contabilidade)

Érico Mendonça
Enviado por Érico Mendonça em 17/07/2011
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