Cadeira de balanço

Cadeira de balanço

No silêncio do meu anoitecer

Piscam lampejos ao escurecer

Entre as brumas dos meus pensamentos

Num ranger sereno e persistente

Balanço sonhos em minha mente

Devaneios toldam-me completamente...

E a noite me estremece, temperando

No balançar do lusco fusco da imaginação

Minha cadeira de vime estende sua mão

Vime de palha toda entrelaçada

Em palhas secas da minha emoção

Componho rimas para meu coração...

Saio da rede, em busca de aconchego

Procuro logo banhar-me no sossego

Correndo aflita balanço em seu chamego

Palhas trançadas mesclas de crianças

Das minhas tranças, cheias de esperanças...

E a cadeira range em seu tontear

Range pra poder se equilibrar

Ginga anseios em meu versejar

Meu corpo fica tonto em seu balançar

E, meus olhos entreabertos a fitar

Piscam frenéticos sem poder parar...

A palha seca geme procurando

Vida plantada sempre esperando

Beijos de lua e seu sol brilhando

Em suas raizes se fortificando

Ver suas palhas se entrelaçando...

Virei criança, vida com minhas tranças

Embolando desenhos nas lembranças

Querendo colo pra me proteger

Mareando balanços pra poder sentir

Nos cantos da noite o poder dormir...

A cadeira range e a idade passa

Sopra saudades, fica só fumaça

Nos prateados dos meus cabelos

Muitos criados nos meus devaneios

Prata dos meus cabelos, palhas de algodão

Nascem e crescem na imaginação...

A cadeira balança pra lá

Balança pra cá a gingar

Minhas rimas a cantar

Meus cabelos pratear

No balanço, balançar...

Myriam Peres

Myriam Peres
Enviado por Myriam Peres em 09/07/2005
Código do texto: T32432