Obrigado!

vontade de subir um morrinho

não impede que estas linhas quase todas

retas sejam degustadas deglutidas ainda

que rapidamente com uma certa avidez.

saudade uma foz de montanhas

pois minas trouxe em meu olhar meu amor

no peito ardia a querer me tocar

minha mãe a querer me saber bem ajeitadinho.

trouxe juiz de fora a brasília! – talvez por

isso tenha desconfiado de tudo: será normal

andar de táxi por 10 minutos sem fazer uma

curvinha sequer? meu Deus que cidade besta

que tem quadra para tudo: banco hospital hotel

supermercado e mais um monte de coisa que nem

deu tempo para conhecer! meu Deus que cidade

linda toda iluminada com mangueiras carregadas

em vias públicas a emanarem jk/niemeyer e

não vejo ninguém atravessá-las. falar da esplanada

da catedral dos palácios seria chover no molhado

seria ir a brasília e ver com olhos programados

o que meus juizforanos olhos não me permitiram ver;

meu coração saudoso de uais e sôs dos lábios do meu amor

da minha mãe das ruas e avenidas de juiz de fora

se encantou com tanta beleza com tanta novidade:

desde o momento em que o avião embicou para aterrissar:

nossa, que lindo! fora estar perto acima abaixo nas nuvens

meu Deus que perfeição! como é bom ser mineiro

e conhecer lugares sem montes andar em linhas retas

sem gente a atravessá-las sem uma banca de jornais

tudo muito longe mais muito belo! meu Deus: obrigado

por ter-me permitido levar a brasília juiz de fora:

no peito portei meu amor minha mãe minhas ruas

meus morros minha universidade meus pés pisaram

o céu sem tocá-lo em meus passos minha cidade caminhou

pelas ruas da capital federal meu amor através de meus

olhos a conheceu minhas mãos tocaram as árvores de brasília

cidade tão cinza quanto a minha tão linda quanto a minha

como fui menino ao caminhar olhando o céu de brasília

fotografando o que olhos alheios não conseguem captar

por não serem os meus olhos por não serem alimentados

pelo meu amor por minha mãe minha cidade meus passos

perto das nuvens. meu Deus, que dia!

obrigado pela oportunidade de carregar comigo

juiz de fora a brasília de ter em meu coração

um amor grande único verdadeiro por ter

minha mãe a me ajeitar por poder voar com

pesadas asas de metal que não batem

permanecem na mesma posição a portarem

potentes turbinas. obrigado por me permitir

tocar o céu e após umas horinhas tocar o solo

do centro-oeste/de minas novamente.

obrigado por permitir a meus olhos tanta beleza:

de jk/niemeyer à halfeld; meu amor em saudade

buscado a todo momento minha mãe minhas ruas

meus passos.

obrigado, meu Deus,

por tanto!