"Era tão pouco e parecia muito"

Era sol de meio-dia à louvação,

Garapa da cana na melação,

Era o apito do trem na estação,

Maria sozinha esperando João.

Era a noite chegando de lua cheia,

Será que vai ser de lobos uivando!

A água correndo lá na ribanceira,

Viola tocando na luz da fogueira.

Era num tempo, com muito tempo,

Arando a terra pro trigo do pão,

Do gado mugindo nas madrugadas,

Amanhece sem sol em pleno verão.

Era num dia igual a tantos outros,

Que nem o canário fez seu trinado...

Faltou querozene pra acender o candeeiro,

O fogão a lenha iluminou a velha morada.

Era tão pouco mas parecia muito...

Para quem vive alheio a fartura,

Quem nunca teve uma vida fácil...

Até o pouco lhe traz felicidade.

WILSON FONSECA
Enviado por WILSON FONSECA em 03/03/2007
Reeditado em 14/08/2007
Código do texto: T399905
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