Vida Cabocla

Um pedaço de chão e um ranchinho,

A amada mulher, sempre ao seu lado,

Um violão pra espantar sua tristeza,

E o cantar sofrido do caboclo...

Espelha na alma sua amargura.

O luar iluminando a janela

É a cena que sempre se repete...

E o caboclo acaricia seu amor,

Sua paixão e a razão do seu viver.

Juntos sussurram juras de amor eterno,

Compartilhando suas dores e alegrias.

Sonham no dia que seu pedacinho de chão,

Dará os grãos de que precisam pra viver,

Mas falta chuva pra a lavoura produzir.

Mesmo sofrendo essa terra é seu lar...

Embora a seca os castigue todo ano,

A esperança sempre é o lenitivo

De que um dia a chuva regue o seu torrão,

Tornando verde toda àquela vastidão,

E a tristeza com certeza deixará

De ser a sombra que corroí seus corações.

De manhãzinha brilha o sol na terra seca...

Chora o caboclo olhando ao longe o horizonte,

No céu azul nenhuma nuvem se anuncia,

É mais um dia a esperar pelo milagre...

Que a chuva caia e renasça a esperança,

De ver brotar naquelas terras o verde ouro.

Enxuga as lágrimas e beijando seu amor...

Segue na estrada poeirenta e deserta

Rumo à cidade pra buscar o alimento.

Embora saiba que se isso continuar...

Não terá como sustentar seu pobre lar.

Futuro incerto com a fome a ameaçar...

Pobre caboclo sua terra vai deixar.

Juntando os poucos cacarecos que restou,

Com sua amada vai tentar sobreviver

Em outras terras que não é sua raiz...

Mas que o destino o obriga a fazer.

O seu ranchinho ficou nas recordações...

Que agora canta ao tocar seu violão,

Saudade dói, pois lá ficou seu coração,

Mas a esperança de um dia retornar...

É o sonho bom... que o incentiva a viver.

There Válio – 06-07-13