APLAUSOS

APLAUSOS

Aquele grande piano

Numa horizontal deitado,

Como um animal alado,

Escondido atrás do pano,

Sob a tampa trás guardado

Todo seu branco teclado.

Por detrás dos bastidores

Faço meu último ensaio,

Nervosa, mas não desmaio.

Sob a luz dos refletores

Em concentração eu caio,

A meus dedos eu não traio.

Sinto um leve frenesi

Que agita meu coração,

Procuro encher meu pulmão.

Acho que tudo esqueci!...

Faço uma respiração,

E depois uma oração.

Há murmúrios na platéia

E toque de campainha.

Parece que estou sozinha...

Faz silêncio na alcatéia,

Cabeça tal ventoinha

Ao correr a cortininha.

Eu, antes de entrar no palco,

Massageio cada mão,

Fazendo respiração,

Passando nas mãos o talco.

Meus passos ouço no chão,

Inicio uma audição...

Logo ao primeiro contato

De meus dedos com o teclado,

Sinto cada um gelado.

E ao constatar esse fato,

Ao meu Anjo, em surdo, brado:

- Que não me tenhas zombado!!!

A reposta vem do Céu.

Após o primeiro acorde,

Aflição já não me morde.

Depois de tanto "escarcéu",

A inteligência explode,

E o sucesso foi recorde!!!...

Era sempre assim: Nervos na Hora H.

Maria do Céo Corrêa
Enviado por Maria do Céo Corrêa em 13/07/2013
Reeditado em 13/07/2013
Código do texto: T4385422
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