Onde está a minha face
 
Quando olho para trás
Para a minha infância esquecida
Que o tempo se desfaz
Numa face perdida
Sinto emudecer o coração
A voz entristecida
Já não há percepção
A voz emudecida
Uma gélida emoção.
Adorava passear
Falava com os passarinhos
Banhos de chuva a tomar
Me embalava em carinhos.
Com meus amiguinhos a correr
Pular corda, amarelinha
Sem pressa a viver
Brincava de escolinha
Já gostava de ensinar
A maravilhosa canção
Adorava filosofar
Tantos conselhos a criação;
Não tinha medo de voar
Por entre a imaginação
Eu queria navegar
Seja qual fosse a direção.
Minha vida era suave
Sem tempo para melancolia
Vivia a esmo na nave
Nem ousava a nostalgia.
E o tempo foi passando
Com ele também a dor
E a criança se decepcionando
Em pleno desamor.
Como é difícil o crescimento
Pois não há manual de direção
A todo momento
Há uma dúvida em questão
E fui vendo que a vida seguia
Num emaranhado de solidão
Cada qual que seguia
Sua própria intuição.
Tão cedo fui perceber
Que se eu quisesse sobreviver
Teria minha própria direção.
E a criança sem medos foi embora
Dando lugar ao vazio e a solidão
Numa alma que tanto implora
Amor, colo e proteção.
Em um mundo que apavora
Mas não pode demonstrar a emoção.
Mas, nesta sublime inspiração
Quero voltar a face da infância
Em que havia motivação
Chega de medos e insegurança
Digo adeus a solidão
Quero de volta a confiança
A mais doce canção.
Retornar a minha face perdida
Ela não está esquecida
Em meu coração.
PATRICIA PESSOA
Enviado por PATRICIA PESSOA em 05/09/2013
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