NUM MAR DE RECORDAÇÕES

Sentei-me descalço na areia da minha praia,

Memória dum tempo remoto,

Põr de sol, beijos e mergulhos,

Mulata que povoa meus sonhos,

Tempo que se esfuma,

Verdade que avança,

É a minha vida, minha poesia.

A praia é a mesma, o sol também,

Apenas as ondas são outras,

Em vez da minha mulata,

Vejo ao longe um mastro de navio

Que segue a sua rota,

Enquanto eu me acho perdido,

Na minha praia deserta.

O mar está agitado, as ondas crescem,

As gaivotas bicam peixes,

Pescadores vão nas canoas,

Os poços de petróleo ardem,

As areias são agora pretas,

O passado foi amordaçado,

A vida é mecânica e automática.

Quanto mais tempo passa,

Mais a verdade se devassa.

Manda quem pode,

Obedece o pobre,

A terra virou inferno,

O vulcão vai eclodir,

Nada vai resistir.

Ruy Serrano, 08.09.2013, às 19:40 H

Ruy Serrano
Enviado por Ruy Serrano em 07/09/2013
Reeditado em 08/09/2013
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