A CASA EM QUE EU NASCI
Sandra Fayad

A casa em que eu nasci
Tinha janelas com duas tramelas,
Portas de duas bandas
Que se fechavam sem pressa,
Com dois suportes de madeira e uma travessa.
 
A casa em que eu nasci
Tinha assoalho de ripas e porão de chão batido.
Tinha cisterna com balde amarrado na corda e manivela
Tinha buraco assoalhado na casinha da privada
Para fazer cocô ou dar uma mijadela.
 
A casa em que eu nasci
Tinha caibros cruzados no teto alto
Sob o telhado de barro avermelhado.
 
A casa em que eu nasci
Tinha horta no quintal,
E manga e mexerica para alegria geral.
 
A casa em que eu nasci
Tinha muro de adobe nos fundos
Só para as galinhas não saírem.
Tinha ovos nos ninhos e roupa no varal.
Tinha alpendre que dava pra rua:
Era só descer um degrau.
 
A casa em que eu nasci
Era feita de pedras e de paus,
Era uma velha orgulhosa, imponente.
Era meu palacete árabe acolhedor, resistente.
Bsb, ago/2013
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Sandra Fayad Bsb
Enviado por Sandra Fayad Bsb em 11/09/2013
Reeditado em 10/05/2016
Código do texto: T4477843
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