Infância

Devo ter sido difícil quando criança.

Recordo-me muito pouco disso.

Das brincadeiras, dos amigos...

Que no fundo também deixaram de ser.

Pouco há para recordar.

A vida me amadureceu muito antes.

Da infância, algumas broncas de pai e mãe.

Os ralados do joelho

E a inquietude pela adolescência.

Inquietude mais idiota!

Esperamos ansiosos a “revolução”...

E quando ela deveria chegar

O que se vê são faces com erupções da puberdade

E a cabeça cheia de incógnitas!

Incógnitas que rodeiam, sem respostas aparentes.

E quando a gente pisca, já está grande!

Com menos erupções faciais.

Mas com muito mais monstros a atormentar.

Tornamo-nos crianças grandes.

E tudo o que gostaríamos é de voltar à idade pequenina.

Os sonhos eram mais doces.

As desilusões tão somente no Natal ou aniversário.

Depois que crescemos, elas se tornam maiores.

Às vezes, muito maiores do que imaginávamos supor.

Então, nos resta a respiração profunda

E aquela erguida de cabeça,

Tentando crer em nossa vitória própria.

Por vezes, funciona com maestria.

Noutras, é vitória fajuta.

E frustrados, buscamos a desistência.

Talvez por covardia.

Talvez por não restar outra opção.

Inevitavelmente.

Somos postos e impostos a tal condição.

Quer queiramos e esperemos.

Quer não.

Para só depois, lá no fim da vida,

Voltarmos à criancice anteriormente vivida.

A diferença agora é que não há estado pueril mental

Que suporte o avançar dos anos.

O desencantar da vida...

HELOISA ARMANNI
Enviado por HELOISA ARMANNI em 18/09/2013
Reeditado em 28/09/2013
Código do texto: T4487060
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