Vigília

Vigia seu coração

Com rédeas curtas

Com esporas afiadas

Não o deixe saltar,

Trotar e rumar ao incerto caminho.

No labirinto de sentimentos

Os ventos revelam segredos

Que só o tempo pode guardar

Vigia seu coração

Com rédeas firmes

Tesas e tensas

Arrebata da alma

Essa vontade de se arremessar.

De se jogar.

De mergulhar fundo e

Abrir os braços ainda

de olhos fechados.

De se inclinar e colher a flor mais difícil

De amar o cactus.

De decorar o deserto

Com a imaginação fértil.

Mesmo que a primavera

Dure apenas um dia

E que venha numa única pétala.

E que os olhos só vejam o sol

A queimar as lembranças

No flash da agonia.

Vigia seu coração

Não o deixe pulsar.

Faça-o congelar.

Ser imoto.

Não o deixe amar

se amarrar

no cais escorregadiço.

Queime todos os navios.

Rasgue todas as velas.

Sepulte as âncoras.

E, na proa só homenageie

a sereia e a carranca.

Depois de vigiar muito o coração.

Perceberás

que ele é enganador

E que mesmo vigiado e

Monitorado

Quadro a quadro.

Faz tudo e somente

aquilo quer.

Seja consciente ou

Inconscientemente.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 26/09/2013
Código do texto: T4499913
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