É TUDO O QUE RESTA
As palavras estão gastas,
Os pensamentos aéreos,
As acções condicionadas,
Os passos mui cansados.
Sinto o peso desses anos,
Que passaram tão velozes,
Fugindo dos seus algozes
Que só provocaram danos.
Nem amizades, nem amores
Conheci de minha confiança,
Foram autênticos dissabores,
Com eles perdi a esperança.
Já esgotei o meu vocabulário,
Tenho de ir ver ao dicionário,
As palavras mais apropriadas,
Para definir estas trapalhadas.
Tão enganado eu fui, que perdi
A chama para escrever poemas
Sobre os meus melhores temas,
Cujas histórias jamais esqueci.
Fui e sou laborioso trabalhador,
Perdi todo o valor do meu labor,
Restam-me uns tostões pra viver,
Sem nada de bom me acontecer.
Consegui boa qualidade de vida.
Gerindo o património que resta,
Com o meu rigor e muita perícia,
Que resulta de vontade férrea.
Ruy Serrano - 20.06.2014, às 22:30 H