Louca Lore

Ela é tão louca quanto a lembrança que me acomete

E todas a loucas que conheci depois daquele dia

À ela me remetem

Dia comum, calor comum, ônibus comum

Visão in. Lá vem Lore em minha direção

Me achei naquele lugar

Me perdi naqueles olhos de quem conhece o mundo todo

E todo mundo!

Braços trançados. Me segurou como se eu fosse à algum lugar

Guiou-me e apresentou-me estranhos

Estranhos pra mim, estranhos pra ela

Completos estranhos

O segundo show começou. O primeiro era ela

Ouvia-se reggae.

Esperto, fingi olhar a banda

Bobo! Todos perceberam que eu queria ver a dança

A dança da louca com flores da praça

A dança da louca de vinho na mão

A dança da louca com cigarro aceso

Traguei o meu. Quis tragá-la

Tragar seus lábios

Muitos olhares em mim

O dela não

Ousei sair dalí

Tomei sua mão

Sentamos com mendigos e desencaminhados

Na praça das flores de sua orelha

Com tanto tumulto, precisei me concentrar.

Menino virei, e ela também

Cabeça de um no ombro do outro

Minhas retinas inquietas alternavam

Hora no universo escuro e vivo no qual me perdi

Hora nos lábios que contavam a história da cidade

-Você tem lindos olhos. Proferi

-Os seus que são azuis. Resposta dada

Os dela, poderiam ter uma cor qualquer

Brilhavam feito cristalina água

-Vou embora. Falei

Charme meu, sem resistência dela

Levantamos e caminhamos

Dispersa como se eu não estivesse alí

Depois carinhosa como se fosse me levar a sua casa

Incógnita

No ponto! Alí parava meu ônibus

Mas não parava a poesia

Conversamos, havia de demorar o transporte

-Chegou! Ouvi

Abraço longo

Beijo de almas

Despedida

Perdi a primeira condução

Perderia mais dez

Fui-me embora na segunda.

Entorpecido
Enviado por Entorpecido em 19/07/2014
Reeditado em 08/08/2014
Código do texto: T4888259
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