OS GRITOS DO CANDIEIRO

Não ouço mais os gritos do candieiro,
e nunca mais, o barulho dos lenhadores,
deixei lá, longe, o meu pessegueiro,
deixei lá, o belo ninho dos beija flores.

Lembranças que estou sempre a recordar,
desde que morando nessa sinistra cidade,
para aquele ermo, nunca mais pude voltar,
e lá que até hoje, mora minha saudade.

Meu viver aqui, tão distante e deserto,
sei que nunca pude esquecer o sertão,
com esse infinito embaçado e coberto,
com essas ruas que me mostram a solidão.

Onde morou todos os meus antepassados,
sobre tudo isso sempre estou a pensar,
fizeram parte da vida, dias ensolarados,
com essas saudades, já não posso rimar.

Vou vivendo como se pagando por um crime,
com uma certeza que de onde vem não sei,
uma amargura que a alma complime,
arrependido,saudoso, do lugar que deixei.

Minha alegria de viver, foi reduzida ao pó,
troquei a natureza por um ar tão impuro,
são tristes lamentos de quem vive só,
por acreditar num promissor futuro.

Jamais pude ouvir o barulho da boiada,
não esqueci o rio limpo e seus cardumes,
que vontade de rever a linda madrugada,
e as luzes dos tão belos vagalumes.

Saudade,quando a estrela Dalva apaga,
saudade, da flor que a noite perfuma,
são lembranças que a mente embriaga,
como se separasse, das ondas a espuma.

Lembranças de noites, tranquila harmonia,
como se coberta por um suave véu,
hoje, posso falar sobre isso em poesia,
por que já não vejo estrelas no céu.

Deixei lá, os pássaros, sabiá,  a jurutí,
deixei lá, a vida tranquila dos campos,
a alma chora, pelo tanto que arrependí,
nunca mais verei, as estrelas, os pirilampos....


 
GIL DE OLIVE
Enviado por GIL DE OLIVE em 30/08/2014
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