Homens de Papel
Homens de papel
Lembro-me dele como um gigante
Costas largas, punhos grossos e voz de canhão
Recordo-me dele como uma árvore, nunca abatida e nunca doente
Permitiam-me chamar de pai a essa montanha, a esse pontão
O seu desejo era lei, o seu comando evidente
E para mim, pai era isso, um monte, um edifício
Que não se pode contestar, descobrir ou lesar
Alguém com quem não é permitido falar
Descobri varias vezes o fardo da sua mão
Mas o toque dos seus dedos foi sempre furtivo
Meu pai…
Será sempre com essa recordação que eu vivo
Hoje, olhando as imagens do meu pai, vejo que foi só isso que restou
Um homem gravado no papel