No meio do caminho

Ainda é cedo para esquecer

No meio do caminho, algo me faz te ver

O lugar é sempre igual ou intacto

Porque nas sombras dos Pinheiros vejo seus pedaços

Antes de descer, estou no topo da solidão

Quem me abraça é o sopro do silêncio,

Mas os braços que acalentam, são apenas ventos

A ladeira é longa, mas estreita de lembranças

Ao meu lado, Araucárias em verdejantes matas

Arvoredos de tons mesclados e castanhas nas calçadas

O sol sempre está fraco, como os meus passos

Morro abaixo, uma casa branca com telhas de barro

Meu corpo pressente toda falta do teu

Perante uma imagem que nunca aconteceu,

Indagando, porque não nos beijamos ainda naquele canto:

Do arco abandonado,

Onde meus sonhos se guardam ludibriados

A relva expandida, acolhe toras retorcidas

Densos Pinheiros assombra-me com teu feitio

Entre os filetes de troncos, acho meus desejos perdidos

Perdi as vezes, que meu semblante viveu de entregas

Apenas como visão, no meio da ópera daquela floresta

Os raios partindo escuridão

Ultrapassando caules, troncos, folhagens e solidão

Iluminando prazeres sozinhos, que hoje estão a sós comigo

No meio deste caminho

Caminhando, já sei onde vou chegar

São curvas, as ruas do asilo que meu solitário ser está a divagar

Sinuosa roça, de lembranças mansas e vida partida

A paisagem de minhas andanças,

Remete semelhanças a Irlanda – e as tuas lembranças.