Salinas sonâmbulas

Ontem quando fui à missa

Clamei a Deus por nossa Macau.

Pedia ao Senhor para Ele retirar

Essa sombra que cobre a cidade.

Mas o Senhor dizia que é a transição

E que o vento leste que vem do mar

Relembra a Ilha de Manoel Gonçalves

Lembram-nos o que

É da terra e o que da água,

Porém nunca aprendi a separar.

Sempre juntei no mesmo prato

As espinhas dos meus peixes

E o sobejo dos meus sonhos.

Salinas sonâmbulas

Que só caminham à noite,

Mares que umedecem

Os lábios rachados de areias,

Vento que dilacera o prontuário

Longe de vós serei um exilado.

Tenho o coração marcado pelo mar

Desde menino que o mar fez-me assim.

Nas noites escuras como marinheiro

Respira onda nua na entrada do barco.

Izan Lucena Lucena
Enviado por Izan Lucena Lucena em 11/06/2015
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