MINHA MUTILAÇÃO





Dolorida ação
Penso sem coração
Retalham a carne
Após encarne
Sofrimento aceito
Futuro desfeito

É nesta condição
Que espelho não é razão
Dói a carne podre
E corrói a alma odre
Quando se nasce inteira
Mutilar é arma derradeira

Aceitar isto é penoso
Torna-se rancoroso
E a pergunta não quer calar
Tinha o raio que cair neste lugar?
Quando virá a paz
Só na hora do jaz?

Com o tempo cura
Mas sem ternura
Fica a marca na pele
Que a alma expele
Exorcizar os demónios
Sacudir os neurónios

Talvez esta seja a fórmula
De não sofrer pela bula
Encarar a verdade
Não desprezar a igualdade
Não ser descriminada
Pela mutilação aleijada