TARDES IMEMORIAIS

Lembro-me das tardes de calor,
Quando me deitava no lençol de trapos,
Com gosto de frango assado e macarrão na boca.

Lembro-me das toneladas de luz,
Filtradas pela peneira do telhado,
Dos gatos ronronando.

Eram tardes dormentes,
Onde me deitava e esperava.
Esperava acordar daquele sonho.

Um sonho com cotraltos,
Risos etéreos,
Ameaças de castigos,
Mãos áperas e quentes;
Tão quentes quanto a própria tarde adormentada.

Lembro--me de acordar com a boca amarga,
As juntas doridas;
Mais uma voz em contralto,
O gibão negro insinuava-se.

Os gatos saíram à caça,
A contralto, agora, múrmura pianíssimo.
Penso ter acordado,
Mas permaneço adormecido.
Luiz Eduardo Ferreira
Enviado por Luiz Eduardo Ferreira em 03/09/2015
Reeditado em 27/08/2017
Código do texto: T5369812
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