Tem coisas que a gente nunca esquece...

Na vida existem pessoas, situações e coisas

Que a gente nunca esquece...

Pode espernear, chorar, enfurecer-se,

Fingir... Não esquece.

Corre-se para todos os lados

Bebe-se todas as cervejas

Compra-se toda a loja

Joga-se todas as pragas

Lê-se todos os livros...

Não esquece.

É preciso calmaria interior

Dessas que também negamos

E evitamos a todo o custo.

Porque olhar no espelho

É ver por demais

Limpar os olhos da ilusão

Perceber que o outro

Não é minha posse

Porque o reflexo nítido

Só emite minha própria face

Meu corpo que grita cansado

A ignorância fadada dos olhos

A boca que não soube calar

O estouro da bolha maldita

A fragilidade do alicerce da casa.

Para esquecer é preciso aceitar

Cada pedaço de desilusão:

Escolha que também fizemos.

Desligar o fio que nos une àquilo

Sem raiva, ressentimentos, ódios.

Senão... Não esquece.

Não é tão difícil viver a própria vida

Construir novos planos e sonhos

Mesmo que se chore de saudades,

Deixa a dor passar.

Mas se fizer tempestades

Em copo d’água... Não esquece.

Gritar insanidade... Não esquece.

Vitimizar-se... Não esquece.

Há certas coisas na vida

Que aceitar e deixar que o tempo leve

É que realmente cura o coração.

Como aquelas folhas soltas ao vento

Sem querer molhá-las, grudá-las no chão

Só porque achamos que assim as teremos

Ou vingaremos o sofrimento.

Quem se liberta vingando?

Quem é feliz preso a algo ou alguém?

Quem acredita que controla tudo?

Assim... Nunca esquece.

Só esquece

O que de fato se esquece.

Pois tem pessoas, situações e coisas

Que a gente nunca esquece...

É preciso aceitar.

Você não esquece,

Mas não é por isso que sofre.

Deixe lembrar sem ressentimentos,

Ali na memória, habita muita coisa

Infinitas possibilidades de ser feliz

Não é preciso (nem justo)

Sofrer por fagulhas que não se esquecem.

Procure viver

Um dia o próprio tempo

...Esquece pela gente.