Sintomas

Lembranças vão e vem,

saudades de um dito,

esquecimento de um não dito,

enquanto o coração sente a batida,

não há um desfribrilador para salvar-me a vida,

apenas uma ventania para marcar minha pulsação,

derrubando os obstáculos que me travam a sanidade,

cristais se chocando ao cair de uma mesa,

estilhaçados em pequenas contas de reflexos tortos,

sentimento correndo numa fuga desenfreada,

buscando esconder-se dos sintomas de uma noite perdida,

embriagados que estão em si mesmos,

tateando no escuro por um candeeiro,

sem iluminação para uma alma cega,

sem orações para um pagão sem perdões,

sem altares para rituais mágicos,

enveredando por labirintos de solidão,

tentando alcançar a maçaneta da porta,

sendo tragado por sua própria loucura,

num eterno ciclo de recomeços em um video game,

enquanto o tempo passa muito lentamente...