Nívea flor da infância
Nívea flor da infância.
O perfume de tua rua,
Oh nívea flor da infância,
Inebriante de ti exalou!
No doce lumiar da lua,
O aroma se multiplicou
De vida em abundância.
Tua inocência e alvura
Ainda guardo comigo;
Saudoso e enlevado olhar
Do Infante que foste abrigo.
Abrigo, palco e pomar
De frutos da seiva mais pura.
Ao longe estridente ruído
Rumo a Ponte Seca se move,
Acusa atento o ouvido...
(Evento que contigo combina);
É do expresso das nove
Ou então da litorina.
Toldam-se te as pétalas e o dia
E como a saudar-te nos campos
E na várzea que escurece esguia,
As cigarras cessam o cantar,
Piscam acolá mil pirilampos
E o sapo-boi se põe a coaxar.
Na dança dos pirilampos,
A noite vagueia morna,
E invade-te silenciosa a janela;
Com suas vestes junto a dela,
No brilho que a lua entorna,
As estrelas a fazem mais bela.
A noite em ocorrência singela
Por obra de pane da light,
Se apresenta então traiçoeira
E em pavor te toma pra ela;
Mas num esgar heroico vai-te
Tua luz acender na fogueira.
A luz que jamais se apaga
É a que trago no coração!
A imagem nele impressa
Retrata de santa saga
Vivida naquele torrão
Menino feliz e sem pressa.