Terça-feira, 1/11/2016
Tão somente Maria - poema
Antonio Feitosa dos Santos 

As mãos carregavam nodoa do tempo,
A face, há muito perdera o seu vigor,
Só os olhos vivificavam aquele corpo,
Esperança e fé, afastavam o desamor.

Apertava minhas mãos na despedida,
Perolas d’água rolavam em seu rosto,
Já com saudade, beijava-lhe a fronte,
Na boca, de água e sal, sentia o gosto.

Assim era a nossa vida, desde cedo,
Ia hoje, embora, no amanhã voltasse,
Num amanhã, que ia longe, distante,
Quão bom, se o tempo desandasse.

Quantas vezes eu voltei, para lhe vê,
Ouvir a voz que embalou meu sono,
Mulher, mãe e avó, colo aconchegante,
Lia-se nos seus olhos, não ao abandono.

Dos amanhãs intensos, restou o ontem,
Intervalares vidas, e sem explicações,
Fosse no ontem, o peito pulsava forte,
Se no amanhã, melodiosas pulsações.

Mas o tempo, costuma deixar marcas,
Nas páginas da vida que eu marquei,
Mulher, mãe, avó, força e coragem,
Hoje vim te ver, mas não te encontrei.

És a força dos meus sonhos realizados,
Veredas, caminhos e estradas da vida,
O mais profundo amor experimentado,
Você foi a melhor lição por mim vivida.

És para mim o que sempre foste ontem,
Força, coragem e fé, ao carregar o lenho,
Nos meus caminhos, jamais estarei só,
Carrego o que em ti sobrava. Empenho. 

Postado por Antonio Feitosa dos Santos
Em 1/11/2016 às 16h08