Coração de estudante

Você sabe

Que quando o sino tocava

eu saia em disparada,

naquele banquinho sentava

só pra ver você passar.

Como um menino, eu corria,

pra sentar de camarote

e tu, me fazendo trote

ao fingir que não me via.

Você que sempre atendia

ao chamamento da fome,

por que não chamava meu nome

na cantina, todo dia.

A mim, me faltava atitude,

a ti, te sobrava os quitutes.

e ver (que era bom), não me via.

E quando a cidade molhada

de frio, dos pingos da chuva

e a tua calma era fria,

só pra ver se me pedia,

levava meu guarda-chuva

e teu olhar fazendo curva

pra fingir que não me via.

Depois que o tempo passou

e não ouvi meu coração

(um anjo dizia sim,

o diabo dizia não),

não sei se de fato me amou

e só estava me esperando,

mas o tempo foi passando

e eu fiquei me perguntando:

_ Será que essa fila andou?

José Freire Pontes
Enviado por José Freire Pontes em 05/01/2017
Reeditado em 05/01/2017
Código do texto: T5872910
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