Olhos Negros

Ei, espelho!

Não me culpe pela imagem sem sonhos que refletes

Não sou eu.

Não me olhe assim.

Não fui eu... Nao quis assim.

Não me culpe pelo remoído, pode doer ainda mais

A luz se apagou aqui

Meus olhos estão tão negros que mal te vejo, e choro sem lágrimas, pois os caminhos que vejo me entopem as veias de chumbo

Colho lá fora o que planto, e sem fome agora te olho feio e cheio de dentes a devorar-me

As vespas entram em meus ouvidos,

Mas não ouvirei suas asas a bater.

Fugirei pro deserto e as queimarei na forte luz solar que mata a escuridão

Caio das alturas, não enxergo o que nunca esteve ao meu alcance

Diga-me há quanto tempo estive a te olhar. Ja não sei.

Apaguei a luz e ainda me olhas,

e se me corto, me mato e me escondo,

não sou eu...

Rasgo minhas escritas, guardo minhas horas de aflição nas gavetas do armário do corredor e saio batendo as portas

Dias a fio andei com flores brancas nas mãos,

fui ao altar falar de mim...

Não me cuidei tão bem,

fui relapsa ao largar-me ao acaso

As minhas roupas estão sujas,

mas minhas mãos permanecem limpas

O asseio na alma não esqueci,

cuidei pra não perdê-lo, assim ficaria sem nada.

... Não mais me olhe assim

Corina Sátiro
Enviado por Corina Sátiro em 14/02/2017
Código do texto: T5911842
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