LEMBRANÇAS.

Lembro-me quando criança,

menina muito levada,

mamãe vinha sorrateira,

espreitando sincopada.

De súbito, aparecia...

com o chinelo na mão,

e eu menina vadia,

corria na imensidão.

Em todo lugar que eu ia,

aprontava algum senão.

Como uma quase caída,

num poço,que confusão!

Na escola boa aluna,

nunca dei trabalho não,

mas quando acabava a aula,

ninguém segurava não.

Quando jovem adolescente,

não perdia um baile só,

nunca fui namoradeira,

mas vivia “dando nó”.

As irmãs preocupadas,

diziam:_ela é arteira!

Mãe,acho muito bom,

você usar a coleira!

E lá ia eu aprontando,

minhas doces traquinagens.

A família vigiando,

eu fazer minhas bobagens.

Vida de alegria e cor,

lembro-me com muito amor,

deles, tenho saudade,

os tempos da mocidade.

Hoje tão cinquentona,

passo os dias a pensar...

como valeram esses tempos,

que não mais hão de voltar.

Seu Heitor, pai adorado

dona Yára, mãe querida,

sou imensamente grata...

pelos exemplos de vida.

Quando bate a solidão,

nas minhas noites vazias...

lembro da minha missão

cumprida todos os dias.

Marcelle ,amada, tão jovem,

que a vida enfrenta audaz,

a ti, filha a homenagem

carregada de amor e paz.

Ao meu filho tão querido,

símbolo da minha paixão,

te desejo mil venturas...

do fundo do coração.

Também o meu ex-marido,

meu agradecimento...

dos trinta anos vividos,

sem nunca ter um lamento.

Aos meus irmãos adorados,

quero também dizer...

que são por mim tão amados,

deles não posso esquecer.

Se eu partir desta vida...

levo todos os amores,

decerto fui tão feliz...

que nem lembro-me das dores.

Elen Botelho Nunes
Enviado por Elen Botelho Nunes em 04/08/2007
Reeditado em 01/09/2007
Código do texto: T592651