E tu lembras?

Tu te lembras
do amor, aquele amor, instável sedução
mesmo que arruinado cansa de esperar
e mesmo que sofras nunca é favorável?

Tu te lembras
do que amou, ontem que foi apocalipse
este agora que lhe amedrontou sonhos
ou que injusto tenha sido meu desastre?

Tu te lembras
essa vida retesada os rigores da morte
vivendo esperanças inerte de horizonte
e sentindo perdas a existência ilusória?

Tu te lembras
a distância essa riqueza que desespera
vontade infértil dum sequer realizarmos
ou de suspiros tristes diante da miséria?

Tu te lembras
dessa lenda de amar qual devaneio fútil
na sociedade amarga que a tudo perece
o destino que se equivocou amanhecer?

Tu te lembras
o lembrar desacato viver sem liberdade
amando abismos cegos ou vidas inúteis
e tudo mais lhe desapontar sobreviver?

Tu te lembras
as paixões caídas neste resvalar delírio
a certeza de perder sentimento inculto
ou decidires morrer em vida sem amar?

Tu te lembras
a casa pequenina prometida pelos pais
e tão antiga promessa indecisa sempre
cada dia enjaulada na noite despedida?

Tu te lembras
a dúvida relembrada de sentir coração
enlutado por verdade tão imensurável
demolido sem alcançar outro desigual?

Tu te lembras
a poesia de meu ser, eivada de oração
este esvair lágrimas em deserto ocaso
e tão sofrida realidade má assegurada?

Tu te lembras
as horas perdidas em tão sórdidas leis
do quanto desabafo o canto desespero
e mãos ao rosto calada no sentimento?

Tu te lembras
do fim, do exigir acabarem tanta juras
fazendo-me crer de seu cavalheirismo
e embotando este mal que tu fizestes?

Tu te lembras
desta sepultura dos ideais indelicados
este jogo escavado ao longo do sofrer
em de tudo que me despedes culpado?
Jurubiara Zeloso Amado
Enviado por Jurubiara Zeloso Amado em 19/07/2017
Reeditado em 19/07/2017
Código do texto: T6059191
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