LUCAS

Doze anos se passaram né?

tá tudo diferente do que era, e nem chegamos a nova era.

não me tornei o que tu espera, pra ser sincero, nem sei se tu supera.

perdão, a gente ainda guarda lágrimas no colchão.

E...vai demorar pra prestar atenção, ver as bolhas no pé, te tanto andar em círculos de ré.

gostaria de dizer que não, mas pior vão ser os calos na mão, ferida de tanto apertar o coração.

mas dá um alívio e até posso soltar a respiração, de saber que tu vai entender, pra sempre proteger, na primeira vez que ver o teu irmão.

e ajuda a mãe, faz um café, escreve um verso pra ela, grita eu te amo pela janela, por que o infinito ainda é ínfimo pra ela.

a vida melhorou, mas ainda, não é nada que a gente esperava, é minha depressão atrasou o cronograma imaginado.

ser esse kamikaze imortal, e ver o mundo de forma muito diferente, afastou do nosso lado muita gente.

e sinceramente, infelizmente era tu o errado.

talvez melhore, o som troque, eu aprenda uma nova dança, a gente renove a esperança.

mas sabe aquele sentimento que te fazia parar de rir? pois é, eu me esforço todo dia pra não desistir.

dá vontade de deixar tudo de lado, tempo, espaço, e pra não preocupar ninguém eu nem choro mais no abraço.

tá foda Lucas, difícil mesmo, nosso talento jogado a esmo.

todo ódio do mundo, não deve direcionar pra todo lado, nem sequer por segundo.

vai ser complicado achar um nexo

mas quando tudo desmoronar confronta teu reflexo

nosso maior inimigo somos nós, não me deixa nunca ser teu algoz

esse poema é a vida quem faz, nosso destino sozinho eu não compus.

quando tudo estiver escuro, não esquece aquele quem trás a luz.