Nas asas da memória
Nas asas da memória me transporto
Flutuo, sobrevôo o passado
Arremeto e pouso no planalto
Da infância vivida um apaixonado
Nas asas da memória me transfiro
Mergulho no horizonte sem fim
Nadando nu em rios e sangas
Liberto,solto nas matas serranas
Num giro completo, rodo o peão
Empino pipas de cores mil
Acompanho descalço folguedo infantil
Nas lutas com espada venço o vilão
Asas da memória que me conduz
Às quermesses de tardes domingueiras
Roda gigante, cavalo de pau pulo fogueira
Na pequena praça da Igreja Santa Cruz
No retorno iminente ainda me vejo
Saltando, correndo nas ruas empoeiradas
Vislumbro o elefante, bailarinas, trapezistas, mágicos e o realejo
Que acompanha os gritos e as batidas do pé
"Palhaço que é, é ladrão de mulher"
"Palhaço que é, é ladrão de mulher ".