ENTRE VICTOR HUGO, E A PICUINHA.

ENTRE VICTOR HUGO, E A PICUINHA.

E eu tentava sair.

Não conseguia entrar.

Estou tão preso a mim mesmo.

Brigando com o meu filho.

Por coisas tão absurdas.

A minha alma está surda.

E lá em cima da mesa.

Estava Victor etéreo.

Materializado na página.

A espera dos meus critérios.

E eu brigando comigo.

Como um estúpido martelo.

Batia forte, idiota.

Cuspindo cruas palavras.

Sentia-me uma bigorna.

No meio daquela sala.

E Victor Hugo na mesa.

Não entendia a reza.

Pedalo agora na areia.

E o badalo no dorso.

Acalma aos poucos o diabo.

Que tenta marcar meu pescoço.

Que tenta brigar com meu anjo.

Jogando-me no fundo do poço.

O sol que bate no meu rosto.

Faz-me esquecer essas inhas.

Tras-me de volta, essa calma.

Destrói o ódio absurdo.

Consigo a luz desse cosmo.

A paz que tem Victor Hugo.

Hoje, lembrei do meu pai.

Na linda manhã de setembro.

Há muito tempo atrás.

Fazia 53, e o tempo.

Traçou seu destino na mesa.

Tiralham-lhe a sobremesa.

Um raio caiu tão certeiro.

No meio do seu coração.

Deixando na ponta a surpresa.

O choro amargo, aflição.

Levando um touro valente.

Pra uma nova dimensão.

Preciso entender esse filme.

Na tela da minha mente.

Procuro o livro na mesa.

Como fez o touro valente.

Com Victor e sem picuinhas.

Na primavera presente.

7/9/02. ( Ao meu pai Tourinho no setembro do seu aniversário)

Honorato Falcon
Enviado por Honorato Falcon em 02/09/2007
Reeditado em 16/01/2013
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