DESPEDIDA

Rasga-me o peito minuciosamente,

Enquanto olho-o no leito a desfalecer.

Aquele que amei graciosamente,

Vendo esmorecer-lhe o ser.

Sinto o sofrer absorto,

Que lhe enfraquece a alma.

Como a caminhar num horto,

Esvaindo-se com calma.

O silêncio ali impera,

Enquanto o ar se esvazia.

Sufocante é a espera,

Naquela cama tão fria.

No sofrer desfalecente,

Vê que tudo é inútil.

Olhando fixamente,

Espera caótica e fútil.

Horas inexauríveis,

Olha pedindo ajuda.

A volta inexiste,

Cada vez é mais aguda.

Seu olhar agora triste,

Refletido na feição.

Como se pressentisse,

Fraquejar o coração.

Numa luta tão profunda,

Nada mais a sua espera.

Só na cova uma tumba,

Que não o desespera.

No sofrimento a meiguice,

Revestida de carinho.

No semblante que insiste,

Já conheço o caminho.