OS MESES: AGOSTO - Olavo Bilac

Agosto: Com as chuvas derradeiras,

Molham-se as verdes palmeiras

E os canteiros do jardim

Já que o tempo não melhora,

Deixemos em paz lá fora

O balanço e o trampolim…

Depois das lições, abramos

Livros de contos; leiamos

As ardentes narrações

De aventuras, de viagens

Por inóspitas paragens

E por selvagens sertões...

— De explorações arrojadas

Feitas em zonas geladas,

Em zonas de vivos sóis;

E percorramos a História,

Honrando e amando a memória

Dos justos e dos heróis!

......

......

Ele foi um poeta, cronista, escreveu ficção e outros. É considerado o príncipe dos poetas brasileiros, e expoente do Parnasianismo. Nasceu no Rio de Janeiro, em 1965, e seu pai retornou da guerra, quando Olavo já tinha 04 anos. Foi membro fundador da Academia Brasileira de Letras, e é conhecido por sua atenção à literatura infantil. OS MESES, do conhecido poeta Olavo Bilac, traz um conjunto de poemas para serem declamados de Janeiro a Dezembro.

Não aprendemos nos livros a apreciar as coisas simples da vida, não são as receitas que nos tornaram mais sensíveis ao que vemos e lemos. Conseguir parar, perceber e escrever que as palmeiras estão verdes, e falar sobre um canteiro, quando a chuva está caindo e molhando tudo, é algo encantador. É querer deixar impresso em nossas memórias, que ainda que sejam gotas, a beleza está suposta em cada partícula que a palmeira e o jardim recebem.

Se Olavo Bilac consegue nos fazer ver beleza na simplicidade, então porque não fazer disto um passado, e deixar em paz a palmeira, o jardim, o balanço e o trampolim. Até mesmo porque não dá para reviver o passado com a chuva.

Mas, podemos recordar os momentos que nunca nos esquecemos, quando a chuva lá fora cai. Neste lugar, podemos nos recordar das lições e dos livros de contos, abramos, porque ao lermos sempre nos apaixonamos pela(o)s narrativas, contos, lendas, histórias, e fábulas de aventuras e viagens. Nunca encontramos uma fórmula para o desacolhedor, antipático e frio nas histórias. Lugares, onde paramos e caminhamos pelo indomável, indômito e indomesticado sertão. Quantas vezes endurecíamos os nossos corações para encontrar em nossa longa jornada, doses de ânimo para chegar ao fim.

Enquanto a chuva lá fora caía, nossas explorações continuavam. E, quanto mais arrojadas eram, as zonas geladas sentiam em doses a solidão, e nas zonas dos vivos a falta de intimidade com o outro. Percorríamos a história não nas sombras, mas cheios de atitude pelas ruas. Amando a memória de cada justo que nos era apresentado, que num exercício profundo, os integrávamos, a nossa realidade, e aos nossos sonhos. Assim, uníamos a história à realidade em um ato bem confuso enquanto lá fora a chuva molhava as verdes palmeiras e o canteiro do jardim.

.....

"Minhas Palavras, meu Púlpito”