A Cidade Mudou

Mas uma vez a cidade mudou

Não percebi,

Despercebido, passou como um vendaval de pétalas, que belo passa, mas sufoca aqueles que estão dentro.

As coisas mudam de maneira sutil,

Aquele banco da praça que já não se encontra lá, para onde o levaram?

Quantas conversas, acordos, inícios e términos aconteceram naquele banco, que sumiu levando consigo todas aquelas memórias.

Sim as coisas mudam,

sejam por motivos estéticos ou em nome do progresso,

Aquela estatua,

Aquela ponte,

Aquela praça,

Tudo se desmorona como as areias das construções nas beiras das calçadas levadas pelas chuvas, tudo se vai.

A cidade mudou, o prédio comercial com seus enormes dentes espelhados ocupa o lugar do velho casarão que preenchia a minha imaginação quando criança.

É, o tempo também esmaga, sentimos seu peso no ar quente e nas lembranças; aquelas velhas lembranças de como as coisas eram.

Sem falar na grande pedra implodida,

Sem falar no parquinho da praça e no chafariz,

Sem falar no velho sobrado da esquina,

Sem falar na escola que estudei,

Sem falar nas árvores arrancadas pelas quais morremos um pouco também,

Sem falar em mais nada.