Ousada taça!

Decidi tragar o último vinho

da indecente videira de minha vontade.

Um imediatismo que não consultou qualquer sentido,

mas o tragarei tomado da ousadia

dos que varrem a loucura com a embriaguez sem vício.

Tomarei a alma do sujeito,

adoçarei meu peito com seu álcool:

espírito do meu espírito inexato.

O coração não chorará.

Deixarei para outras pernas guiarem meu corpo tonto,

quando tudo estiver pronto e amansado.

Meu vinho, certo norte, amado porte,

suporte de má vontade,

estará tecendo a lenda.

O que não faz uma paixão

com os olhos cheios de venda,

mantida presa entre mil e duas diferenças?

O vinho não saberá dizer, mas a embriaguez, talvez...

se muito o coração lhe permitir

e o corpo perguntar.

Vou tragar todo esse vinho,

como um menino sem carinho

e à procura de amar,

tudo o que houver amável...