Platiedras Cálidas

Descemos a trilha calma

Do silêncio que lavava a alma

As águas batiam nas pedras

Corriam as formigas e platiedras

Despi-me para o banho

Dessa forma, expus o busto castanho

Por medo da água gélida

Mantive a prevenção cálida

Na margem fiquei

Abaixei a fronte e avistei

O poço escuro

Perguntei, em uma previsão do futuro:

— Aqui é fundo?

E em um falar meditabundo:

— Não — você me respondeu

Guardei o que me prometeu

Mesmo assim, por garantia

Tive um gesto de teimosia

Na borda fiquei

Decretando a minha lei

Entediamo-nos, resolvemos subir

Escalamos nas pedras rentes

Com as dores nas articulações estava difícil coexistir

Buscando palpites coerentes

Virei meu rosto e vi um percurso

Tive uma alternativa para seu discurso:

—Ali não é uma trilha?

A água escorria da vasilha

— É, mas está fechada — respondera

Decepcionado, fingi que não quisera

Ao chegar ao topo, à recompensa

A qual sempre tive crença

Avistamos o cânion e a quebra da água

Eu não imaginava a minha mágoa

— Vamos descer — disse-me

Com o cuidado para não estabacar-me

Descida mais sofrida que a subida,

Mas findou

Em contrapartida

Em nossas cabeças uma gralha sobrevoou

E disse-me em pachorra descoberta:

— Então, amigo, a trilha estava aberta

Controlei o rancor para não voar em ti.

Rafael Thiago
Enviado por Rafael Thiago em 28/12/2018
Código do texto: T6537678
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